
Na avalanche de conversas sobre Inteligência Artificial, a narrativa que domina as salas de reunião parece perigosamente tática. Falamos de automação, eficiência e como podemos responder e-mails ou resumir relatórios mais rápido. Em essência, estamos tratando a tecnologia mais transformadora do nosso século como um estagiário superdotado.
Este é um erro de perspectiva. O líder que enxerga a IA apenas como uma ferramenta de produtividade está fadado a otimizar um modelo de negócio que em breve será obsoleto.
A verdadeira virada de chave é parar de ver a IA como uma ferramenta que recebe ordens e começar a vê-la como um parceiro de conversa estratégica. Alguém que senta ao seu lado para ajudar a enxergar o que está por trás da curva, a entender a complexidade do mercado e a tomar decisões mais inteligentes. O líder que a adota como copiloto irá construir o próximo modelo de negócio.
Mas como essa parceria funciona na prática? A mudança se apoia em três pilares:
1. Enxergar o futuro, não apenas prever o próximo passo.
Relatórios tradicionais nos mostram o que já aconteceu. A IA como parceira estratégica faz algo diferente: ela nos ajuda a desenhar vários futuros possíveis. Podemos simular cenários complexos, perguntando: “E se um novo concorrente entrar no nosso mercado? E se uma nova tecnologia mudar as regras do jogo?”. Isso nos permite criar planos para várias realidades, em vez de apostar em apenas uma. A sua pergunta como líder muda de “Vamos bater a meta do trimestre?” para “Estamos preparados para os cenários mais prováveis dos próximos três anos?”.
2. Questionar tudo, para encontrar novas oportunidades.
Dentro de uma empresa, muitas vezes ficamos presos ao “jeito que sempre fizemos as coisas”. A IA não tem esse vício. Ela pode analisar o mercado, as necessidades dos clientes e a sua operação sem ideias pré-concebidas, apontando oportunidades que ninguém estava vendo. A função do líder é usar essa capacidade para fazer perguntas mais corajosas, como: “Se fôssemos criar nosso maior concorrente hoje, do zero, como ele seria? E o que nos impede de nos tornarmos essa empresa primeiro?”.
3. Tomar decisões com mais clareza e menos ruído.
Líderes vivem afogados em informação. O problema não é a falta de dados, é o excesso de barulho. A IA atua como um filtro poderoso, resumindo o que realmente importa para a sua decisão. A mágica acontece na parceria: você entra com sua experiência e sua intuição sobre pessoas. A IA entra com a capacidade incrível de processar dados. O resultado é uma decisão humana, mas muito mais informada e segura. Sua preocupação deixa de ser ler tudo, e passa a ser fazer a pergunta certa.
Adotar a IA como um copiloto não é uma questão de tecnologia, é uma questão de mentalidade. Exige que a liderança abandone o conforto de otimizar o conhecido para abraçar a incerteza de explorar o desconhecido.
A tarefa do executivo moderno não é mais apenas pilotar o avião em meio à tempestade. É, junto com seu copiloto de silício, redesenhar o avião em pleno voo.
A questão que deixo para sua reflexão é: em sua organização, a IA está no banco de trás, otimizando a rota, ou está no cockpit, ajudando a definir o destino?
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Ellen Cavalcanti – Consultora Estratégica de Negócios | Mentora de Líderes | Treinadora | Palestrante. Foto: Arquivo Pessoal.
Conselheira Certificada pela Board Academy, MBA em Gestão Empresarial pela FGV. MBA em Gestão de Pessoas pela Anhanguera., Especialização em Gestão da Qualidade pelo Instituto Racine, Formação em Business Process Management (BPM) pela FGV, Certificação em Gestão por Competências pelo Instituto RH na Prática, Certificação em Análise de Perfil Comportamental DISC pela Sólides S/A.
Também atua como mentora no programa Elas na Indústria, da FIESP. Tem como marca a construção de soluções práticas, personalizadas e alinhadas à realidade das cooperativas, promovendo transformações consistentes na gestão e na liderança.
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