O Encontro das Pretas tem início na sexta-feira (17). Entre as atrações musicais estão Anastácia Santana Monteiro, Bruna da Silva Medeiros, Bruno Francisco Cruz e Branú Soares Moreira.
Iniciar um negócio não é tarefa simples e, no caso das mulheres negras, é ainda mais desafiador. O empreendedorismo negro se fortalece e cresceu 22% em 10 anos (2013 a 2023), de acordo com pesquisa do Sebrae, mas elas ainda representam menos de um terço do total de empresários pretos e pardos. O Encontro das Pretas, que este ano chega a sua 10ª edição, é um impulso para ajudá-las a vencer as adversidades e transformar suas ideias e seus talentos em renda. O maior evento de cultura negra do Espírito Santo, desta vez marcado para 17, 18 e 19 de outubro, no Shopping Vitória, na capital, coleciona histórias de sucesso.
A trajetória de Denize Nascimento é um desses cases. Bióloga, ela começou dentro de casa a produzir artesanalmente produtos para cabelo e pele, depois de pesquisar despretensiosamente sobre cosméticos mais naturais. No início, o que fazia era para uso de família e amigos. Foi só ao ter os primeiros contatos com a organização do Encontro das Pretas, em 2015, que ela se deu conta de que tinha nas mãos um empreendimento, que se transformou na Nativa Ecocosméticos.
“No movimento dessas mulheres, dessa rede de afroempreendedoras, eu percebi que aquilo era um negócio, que existia uma demanda de mercado e existiam pessoas que iriam comprar se a minha produção fosse escalonada”, diz a CEO da Nativa Ecocosméticos.
Ela participou de quase todas as edições do evento e destaca que o processo de maturação inicial da marca foi “100% por causa do Encontro das Pretas” e da colaboração com a rede de mulheres que a fez se enxergar enquanto empresária e gestora.
A partir daí, Denize investiu em conhecimento e comunicação. Hoje, tem um negócio consolidado, inclusive com linha profissional de tratamento.
Conexões e parcerias
Tudo isso é viabilizado pelas conexões que o evento proporciona, uma vocação do festival, que funciona também como uma plataforma de articulação no ecossistema do afroempreendedorismo. Claudia Meira, criadora da Cacau Moda Afro, conta que nas suas participações conseguiu prospectar clientes e também parceiros de negócios para fazer sua marca prosperar.
“Estive nos eventos de 2016 a 2023. E o Encontro me tornou mais conhecida e trouxe possibilidades mesmo de reconhecimento e visibilidade, me ajudou muito. Isso também com relação a parceiros também”, destaca Claudia.
Denize reforça o discurso, ressaltando como o festival teve esse papel em seu empreendimento, dando evidência aos seus produtos para o público-alvo: mulheres crespas e cacheadas, que reconheceram suas necessidades nos cosméticos da Nativa. “O Encontro das Pretas me trouxe maturação do negócio, muita visibilidade, conexões, network, troca com outras profissionais, com outras empreendedoras”, afirma.
A representatividade que conectou Denize às clientes, inclusive, também foi o que moveu Claudia. Ela iniciou sua marca de roupas como demanda das três filhas – Jisely, Jaddy e Jessie – em busca de criar uma representação do universo afro que as meninas não encontravam em lojas. Aos poucos, estudando mais sobre a África, resolveu contar, por meio das estampas e cores da sua marca, um pouco da história do continente.
Com a participação no festival, esse trabalho ganhou ainda mais força e, além disso, criou para Claudia e as filhas uma atmosfera de pertencimento.
“É uma coisa muito fantástica. Em 2016, quando a gente chegou no Encontro pela primeira vez, uma das minhas filhas se sentiu encantada porque tinham bonecas pretas, pessoas com cabelo parecidos com o dela… Tanto que, do nada, ela pareceu já trançada, com visual novo”.
Ela completa: “Muitas pessoas chegavam até mim, no stand ou após o Encontro, e falavam sobre como se sentiram pertencentes naquele momento, ali. O Encontro realmente é poderoso, ele faz você entrar no universo que era desconhecido, faz com que a gente se descubra e se liberte”.
Encontro das Pretas 2025
Com entrada gratuita, o Encontro das Pretas chega a sua 10ª edição este ano com a presença de 50 afroempreendedores, além de atrações musicais e culturais diversas. Os expositores levarão uma gama de produtos e atividades que vão de moda, comida, livros e arte a serviços automotivos e muito mais.
Já as apresentações musicais estão por conta de quatro artistas. No repertório, uma pluralidade de ritmos, que vão do rap à MPB, passeando também pelo samba e pela música contemporânea afro. Sobem ao palco Anastácia Santana Monteiro, Bruna da Silva Medeiros, Bruno Francisco Cruz e Branú Soares Moreira. Afroempreendedores e músicos foram selecionados via chamamento público.
Loja Colaborativa do Encontro das Pretas
Os afroempreendedores capixabas já estão em atividade com produtos nas áreas de moda, beleza, arte, gastronomia e bem-estar na Loja Colaborativa. O espaço, que está em funcionamento desde o dia 9 de outubro, celebra a criatividade e a economia preta, oferecendo ao público uma curadoria diversa e afetiva. A loja ficará fechada nos dias 17, 18 e 19 de outubro, durante a realização do Encontro das Pretas, retornando às atividades normalmente após o evento, até o dia 31 de outubro.
Realizado pelo Laboratório de Tecnologia em Inovação Social Das Pretas, o Encontro das Pretas deste ano conta com patrocínio da EDP, viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria da Cultura (Secult).
Serviço
10º Encontro das Pretas
Quando: dia 17 de outubro, das 18h às 22h, e dias 18 e 19 de outubro, das 10h às 22h.
Onde: Estacionamento do Shopping Vitória, na Enseada do Suá, em Vitória.
Entrada: gratuita.