Quem vê pai e filho fardados assim nem imagina os desafios que enfrentaram para que chegassem até a Guarda Municipal de Vitória (GCMV). Quando o guarda Nelson Santos, 66 anos, ingressou na GCMV, o filho do meio, Jeferson Alves Santos, tinha pouco mais de 15 anos. Pai de quatro meninos, o que o Santos, como é conhecido na corporação, não sabia, era que além de uma nova profissão ele estava servindo de espelho para o futuro do filho.
“O meu pai sempre me falou ‘menino, estuda para você conseguir um bom emprego’, puxava minha orelha e orientava. Dizia que o estudo era o caminho para a gente vencer na vida”, recorda Jeferson, atualmente agente do Grupamento de Tático Operacional (GTO).
Jeferson, hoje, também é guarda de Vitória. Ele entrou em 2017, seguindo os passos do pai. Nessa época, o senhor Nelson já trazia em sua trajetória de vida algumas experiências até chegar à Guarda. Ele foi de motorista de transporte escolar para concursado, se tornando o maior exemplo de superação para os filhos.
“Eu trabalhava em transporte escolar. Tinha uma van, já antiga, e não conseguiria renovar a permissão. E nem pagava seguro. Se me roubassem, eu não teria como sustentar minha família”, lembra o senhor Nelson, que trabalha na Gerência da Central Integrada de Operações e Monitoramento (GCIOM).
São deles os olhares atentos às imagens das câmeras de videomonitoramento da cidade, serviço que requer concentração redobrada e muita disciplina. Nelson também já passou pela fiscalização de rua, operacional e rádio.
Referência
Ele tinha 49 anos quando entrou na Guarda, quase o dobro da idade do filho quando ingressou. “Meu pai é a minha referência de vida, trilhou um caminho muito difícil, teve pouco estudo e oportunidades. Ele foi até onde nem imaginava. Foi honroso, tem curso superior e trabalha na área que queria: segurança pública”, conta Jeferson, orgulhoso.
O pai também é só elogios. “Fiquei muito feliz quando ele passou no concurso da Guarda e vê-lo se colocando no mercado. Fico orgulhoso do trabalho que meu filho faz, pois consegue preservar vidas”, conta o senhor Nelson, que também se preocupa com o risco da profissão. Mas nem isso o impediu de dar uma “mãozinha” para o filho. “Paguei a inscrição dele para a prova da Guarda de Vitória”, lembra entre risos.
Pai e filho trabalham em escalas diferentes, mas, por morarem próximos, conseguem se encontrar muitas vezes. No dia a dia da Guarda, poucas vezes conseguiram atuar juntos. Só que uma coisa os dois têm em comum: a vontade de fazer o melhor pela Guarda e pela cidade de Vitória.
Dia dos Pais
Domingo, Dia dos Pais, Jeferson já disse que o café da tarde vai ser na casa do senhor Nelson e já sabe que vai ter que dividir a companhia do pai com os irmãos. “Papai é falante, bom que junta todo mundo para ouvi-lo”, brincou o guarda, que é pai de Luna, de 7 anos.
“Quando entrei para a Guarda, muitos apontavam o ‘filho do seu Nelson’. Eu tinha orgulho disso, pois meu pai gostava, e ainda gosta, do trabalho dele. Sei que ele teve que tomar decisões difíceis e fazer escolhas ao longo da vida. Vi tudo isso acontecendo, foram boas escolhas e quero ser um pai como ele para minha menina. Se eu for um pouquinho, já ficarei muito feliz”, conta o rapaz, emocionado.
Já o guarda Nelson Santos, deixa um recado para o filho e demais papais. “Amem seus filhos, aproveitem a infância deles e os orientem para o melhor caminho”. Recado dado, senhor Nelson.