De pai para filho: profissão de Guarda Municipal une gerações na capital

Senhor Nelson e Jeferson atuam na GCMV
Senhor Nelson ao lado do filho Jeferson, que também atua na Guarda Municipal de Vitória. (ampliar) Pedro Paulo Picoli

Quem vê pai e filho fardados assim nem imagina os desafios que enfrentaram para que chegassem até a Guarda Municipal de Vitória (GCMV). Quando o guarda Nelson Santos, 66 anos, ingressou na GCMV, o filho do meio, Jeferson Alves Santos, tinha pouco mais de 15 anos. Pai de quatro meninos, o que o Santos, como é conhecido na corporação, não sabia, era que além de uma nova profissão ele estava servindo de espelho para o futuro do filho.

“O meu pai sempre me falou ‘menino, estuda para você conseguir um bom emprego’, puxava minha orelha e orientava. Dizia que o estudo era o caminho para a gente vencer na vida”, recorda Jeferson, atualmente agente do Grupamento de Tático Operacional (GTO).

Jeferson, hoje, também é guarda de Vitória. Ele entrou em 2017, seguindo os passos do pai. Nessa época, o senhor Nelson já trazia em sua trajetória de vida algumas experiências até chegar à Guarda. Ele foi de motorista de transporte escolar para concursado, se tornando o maior exemplo de superação para os filhos.

“Eu trabalhava em transporte escolar. Tinha uma van, já antiga, e não conseguiria renovar a permissão. E nem pagava seguro. Se me roubassem, eu não teria como sustentar minha família”, lembra o senhor Nelson, que trabalha na Gerência da Central Integrada de Operações e Monitoramento (GCIOM).

São deles os olhares atentos às imagens das câmeras de videomonitoramento da cidade, serviço que requer concentração redobrada e muita disciplina. Nelson também já passou pela fiscalização de rua, operacional e rádio.

Senhor Nelson e Jeferson atuam na GCMV
Senhor Nelson ao lado do filho Jeferson, que também atua na Guarda Municipal de Vitória. (ampliar)Pedro Paulo Picoli

Referência

Ele tinha 49 anos quando entrou na Guarda, quase o dobro da idade do filho quando ingressou. “Meu pai é a minha referência de vida, trilhou um caminho muito difícil, teve pouco estudo e oportunidades. Ele foi até onde nem imaginava. Foi honroso, tem curso superior e trabalha na área que queria: segurança pública”, conta Jeferson, orgulhoso.

O pai também é só elogios. “Fiquei muito feliz quando ele passou no concurso da Guarda e vê-lo se colocando no mercado. Fico orgulhoso do trabalho que meu filho faz, pois consegue preservar vidas”, conta o senhor Nelson, que também se preocupa com o risco da profissão. Mas nem isso o impediu de dar uma “mãozinha” para o filho. “Paguei a inscrição dele para a prova da Guarda de Vitória”, lembra entre risos.

Pai e filho trabalham em escalas diferentes, mas, por morarem próximos, conseguem se encontrar muitas vezes. No dia a dia da Guarda, poucas vezes conseguiram atuar juntos. Só que uma coisa os dois têm em comum: a vontade de fazer o melhor pela Guarda e pela cidade de Vitória.

Dia dos Pais

Domingo, Dia dos Pais, Jeferson já disse que o café da tarde vai ser na casa do senhor Nelson e já sabe que vai ter que dividir a companhia do pai com os irmãos. “Papai é falante, bom que junta todo mundo para ouvi-lo”, brincou o guarda, que é pai de Luna, de 7 anos.

“Quando entrei para a Guarda, muitos apontavam o ‘filho do seu Nelson’. Eu tinha orgulho disso, pois meu pai gostava, e ainda gosta, do trabalho dele. Sei que ele teve que tomar decisões difíceis e fazer escolhas ao longo da vida. Vi tudo isso acontecendo, foram boas escolhas e quero ser um pai como ele para minha menina. Se eu for um pouquinho, já ficarei muito feliz”, conta o rapaz, emocionado.

Já o guarda Nelson Santos, deixa um recado para o filho e demais papais. “Amem seus filhos, aproveitem a infância deles e os orientem para o melhor caminho”. Recado dado, senhor Nelson.

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