
Você já refletiu, com profundidade, sobre quais competências realmente sustentam uma liderança de alto nível?
Não estou falando daquelas habilidades técnicas que constam em currículos ou apresentações institucionais. Falo daquelas que sustentam decisões difíceis, que mantêm um time coeso em momentos críticos, e que definem a sua presença quando você entra numa sala.
A verdade, é que tenho visto em diversas regiões do nosso país, especialmente mentoreando líderes, que chega um momento na nossa jornada em que a técnica deixa de ser suficiente. Ela é a base, mas não é mais o diferencial. Conhecimento técnico te coloca no jogo. Mas é a forma como você se relaciona com pessoas, como toma decisões, como conduz conversas difíceis, que define se você será apenas um gestor ou um verdadeiro líder.
E é nesse ponto que muitos profissionais se perdem. Porque acreditam que, ao alcançar uma posição de alta liderança, o maior desafio será manter o controle, ou garantir resultados. Mas, na prática, o que mais exige preparo é manter a conexão, consigo mesmo e com os outros. Até porque, liderança de verdade começa no espelho. E líderes de alta performance têm algo em comum: eles se conhecem profundamente. Sabem onde estão seus limites, reconhecem seus padrões emocionais, enfrentam suas próprias contradições. Têm coragem de olhar para suas vulnerabilidades com honestidade. Porque já entenderam que vulnerabilidade não é fraqueza, é o que torna possível uma conexão autêntica. É a base da empatia, da criatividade e da coragem.
Certamente, falar sobre vulnerabilidade ainda hoje causa certo desconforto em ambientes corporativos. Mas o que precisamos pensar é que um líder que não reconhece seus sentimentos, que não entende como suas emoções afetam o time, ou que ignora o impacto das suas palavras, está, sem perceber, comprometendo resultados que vão além dos números.
Por isso, não dá para falar de liderança sênior sem falar de inteligência emocional. A capacidade de se autorregular, de escutar com presença, de compreender o outro antes de reagir. Líderes que não desenvolvem essa competência tendem a gerar ambientes tensos, marcados por medo ou insegurança. E esse tipo de ambiente, sabemos bem, não sustenta talentos, muito menos inovação e competitividade.
E se inteligência emocional é o que sustenta a conexão, comunicação é o que garante clareza. A forma como você transmite uma ideia, compartilha um direcionamento, dá um feedback ou conduz uma conversa difícil… tudo isso impacta diretamente a confiança da equipe, o ativo mais valioso de qualquer liderança. E, veja, não se trata de falar muito ou de ser eloquente, trata-se de saber escolher as palavras certas, no momento certo, com a intenção certa. De se comunicar com clareza, empatia e propósito. Afinal, a boa comunicação é uma ponte, e líderes eficazes constroem pontes o tempo todo.
Mas nenhuma dessas competências se sustenta se o líder não for capaz de se adaptar. Vivemos num cenário cada vez mais dinâmico, incerto e ambíguo. Estratégias mudam, estruturas se transformam, prioridades se reorganizam. E é exatamente por isso que adaptabilidadese tornou uma das skills mais estratégicas da liderança contemporânea. Líderes que resistem a mudar, que se apegam a modelos antigos, que temem o novo, inevitavelmente se tornam obsoletos. Os que permanecem relevantes são aqueles que mantêm uma postura de aprendizado contínuo, que fazem perguntas com humildade, que escutam perspectivas diversas, e que têm coragem de rever suas certezas.
E nesse processo de transformação, outra habilidade emerge: a capacidade de dizer não. Porque o foco também é uma competência. E dizer não, exige clareza de prioridades, maturidade emocional e coragem para lidar com a expectativa dos outros. E olha que interessante… é justamente essa habilidade que permite que líderes concentrem energia onde ela realmente importa. Como reforça o conceito do essencialismo, liderança não é fazer mais, é fazer o que realmente transforma.
Um dos maiores pontos de virada na minha liderança foi compreender que liderar não é sobre você, liderar é sobre o outro. Não é sobre mostrar que sabe mais, ou tomar todas as decisões. É sobre criar um ambiente onde as pessoas possam florescer. Onde talentos sejam reconhecidos, onde as ideias circulem com liberdade, onde o time se sinta pertencente.
Tiago Brunet afirma que são as pessoas que definem se a nossa vida valeu a pena. E ele tem razão. Liderar pessoas é, no fim das contas, sobre deixar marcas em histórias que não são só nossas.
Se você chegou até aqui neste texto, talvez seja porque este conteúdo te provocou de alguma forma. E isso é ótimo. Porque a liderança não se fortalece no conforto. Ela amadurece na reflexão. Ela se aprofunda na escuta. E se sustenta na coragem de fazer escolhas difíceis com integridade, humanidade e clareza.
E você, quais dessas skills têm sido mais desafiadoras, ou transformadoras na sua jornada como líder?
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Conselheira Certificada pela Board Academy, MBA em Gestão Empresarial pela FGV. MBA em Gestão de Pessoas pela Anhanguera., Especialização em Gestão da Qualidade pelo Instituto Racine, Formação em Business Process Management (BPM) pela FGV, Certificação em Gestão por Competências pelo Instituto RH na Prática, Certificação em Análise de Perfil Comportamental DISC pela Sólides S/A.
Também atua como mentora no programa Elas na Indústria, da FIESP. Tem como marca a construção de soluções práticas, personalizadas e alinhadas à realidade das cooperativas, promovendo transformações consistentes na gestão e na liderança.
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