A gestão financeira de uma propriedade não é uma tarefa fácil e tampouco simples de ser feita. Contudo, é fundamental que aconteça. É a gestão dos números que permitirá ter uma visão ampla do negócio, medindo despesas, lucratividade e necessidades de investimentos, por exemplo.
Manter as finanças em dia é fundamental para que todo o restante da organização e planejamento sejam bem-sucedidos. Ações como registrar as entradas e saídas, monitorando compras e pagamentos podem contribuir para identificar gastos que não sejam necessários ou encontrar formas de se economizar recursos financeiros e mesmo insumos, e isso pode fazer grande diferença para as propriedades, especialmente no que diz respeito à rentabilidade.
Há vários desafios que, muitas vezes, interferem na realização desse planejamento. Em muitos casos o próprio produtor é o único responsável por cuidar da produção, comprar insumos, comercializar os produtos, contratar mão de obra ou mesmo, dedicar sua própria força de trabalho à produção. Outro aspecto que pode se tornar um entrave é a falta de visão de que a propriedade é um empreendimento e necessita ser bem gerido.
O gerente regional de desenvolvimento do Sicredi Essência no Espírito Santo, Rodrigo Leal Pacheco, orienta que o produtor deve realizar um controle financeiro mensal e ressalta que “o produtor rural é um empreendedor, pois pode tomar conta da terra, mesmo que por meio de outros trabalhadores e gerenciar o negócio.” Ainda, segundo ele, “ter o controle dos recursos e gastos faz com que a pessoa veja a real necessidade de consumos e aumentará seu fluxo de caixa e a possibilidade de novos investimentos.”
Para que o produtor realize uma gestão financeira eficiente em sua propriedade, Pacheco dá algumas dicas:
-“Conhecer o seu negócio e cuidar da sua situação financeira. Fazer um controle contínuo das receitas x compromissos do dia a dia para determinar um fluxo de caixa positivo é muito importante. Pode ser em um caderno, em uma planilha financeira ou com a ajuda de um aplicativo que você pode baixar no seu celular ou tablet.
-Controlar os custos de produção mensais, colocando em ordem de prioridade e realizando parcerias e negociações com fornecedores;
-Estipular uma percentagem mensal para guardar, criando uma reserva de emergência dentro do possível.
-Definir sonhos a serem conquistados, como a compra de uma propriedade, maquinário ou viagem com a família, dentro da realidade de cada produtor”, orienta Pacheco.
As mudanças no mercado, a variação nos preços e a alta dos insumos estão entre alguns fatores que podem influenciar na lucratividade e no retorno financeiro. Por isso, é preciso atenção no controle das finanças, para saber se o valor que está sendo recebido pela produção remunera sua atividade. A Cooabriel, entendendo a importância desse aspecto, busca auxiliar seus cooperados, através de orientação e de programas como o Conilon Eficiente.
O cooperado da Cooabriel, Ginivaldo Canal, realiza a gestão financeira da propriedade com o auxílio da família. Ele conta que antes, sem a devida gestão, não era possível sequer mensurar os custos de produção. “Hoje, tudo é anotado e ao encerrar a safra, sabemos o custo de cada saca produzida.” Há ainda outros ganhos, segundo o produtor: “Realizando a gestão financeira da propriedade, temos a possibilidade de tomar decisões mais acertadas, saber onde há despesas desnecessárias e tentar corrigi-las. Sabendo os custos é possível saber se estamos tendo ganho, além de conseguir monitorar melhor a propriedade como um todo”.
Mas embora seja indispensável, o controle financeiro nem sempre é priorizado, o que pode ser prejudicial à organização financeira. Além disso, algumas quebras de expectativa de faturamento, por interferências externas como fatores climáticos ou de mercado, por exemplo, podem levar a um descontrole financeiro. Sobre esse aspecto, o gerente de crédito e agronegócio do Sicoob ES, Eduardo Ton, alerta que “quanto mais organizado, mais fácil será visualizar os ganhos, custos e oportunidades. O planejamento das finanças e orçamento é essencial para que o produtor cresça e consiga investir, ampliando sua produtividade e rentabilidade.”
Segundo ele, “o produtor deve separar suas finanças pessoais das finanças da sua propriedade e gerir quais são os gastos fixos e variáveis”. Assim, “pode se programar para eventuais custos na produção e comercialização, por exemplo. Quanto mais organizado, mais fácil será visualizar os ganhos, custos e oportunidades.”
Eduardo Ton ressalta que, quando se faz necessária a busca por crédito rural, este “deve ser oportuno, suficiente e adequado, ou seja, o produtor rural deverá viabilizar recursos suficientes para conduzir o seu empreendimento até a fase de comercialização, assim o retorno financeiro deverá ser maior que os custos de produção, apresentando uma viabilidade econômica.”
O presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, reforça que “a gestão financeira é uma ferramenta indispensável, pois é através dela que o produtor poderá fazer sua composição de custos, tendo uma visão mais precisa sobre suas despesas. Também será possível compreender onde está havendo melhor performance e desempenho produtivo, obtendo bases mais sólidas para decidir o que deve ou não investir na propriedade e mesmo, qual o melhor momento para comercializar sua produção”. Bastianello ressalta ainda que “não se pode deixar de realizar o controle financeiro, independente do rendimento obtido, produtividade ou tamanho da propriedade”.
Texto e fotos: Cooabriel