De Lindenberg para o mundo: Ator Alex Bonini fala sobre a carreira e revela expectativas para o futuro. Confira!

Foto por Felipe Amarelo. Diária de gravação em Carapebus.

De Governador Lindenberg, para o teatro e em breve, para as telas do cinema na Alemanha. Foi vencendo dificuldades e superando desafios que a trajetória de sucesso do ator, diretor, roteirista e dramaturgo Alex Bonini (@oalexbonini), de 21 anos, teve início.
“O desejo de ser ator nasce na minha infância, sempre gostei de ser o centro das atenções. Eu era uma criança bem louca e eu amava/amo isso em mim, quando me perguntavam o que eu queria ser, sempre respondia profissões que tinham muitos “olhares”. Já quis ser palhaço, padre e por aí vai (risos). Depois de um tempo fui percebendo que queria, na verdade, ser ator. Lembro de um evento que acontecia na família, eu e minha prima (Isadora Bonini) performavamos sempre que possível a música “Atoladinha” do MC Bola de Fogo. Todo mundo da nossa família lembra disso, acho que aquele Alex já sabia muito bem o que queria”, lembra o ator.

“Bem, o tempo passou. Em 2018, passei a morar com meu padrinhos (Jair Bayer e Mônica Santos Bayer), começo a cursar Biblioteconomia na UFES. Até aí tudo nos conformes, mas então começo a ver diariamente pela janela do 503 a FAFI (Escola de Teatro, Dança e Música), numa dessas a minha criança interior falou: por que não?”, completou.

Trajetória
“Meu primeiro trabalho foi em 2018, no Festival de Teatro de Vitória. Foi uma performance de máscaras teatrais na fila do Teatro Carlos Gomes, a direção foi do Edson Nascimento. Também teve o Exercício Teatral do primeiro módulo que cursei na FAFI. Já fiz a websérie Conexões (2020), dirigida pelo meu amigo Matheus Muniz. Os Primeiros Soldados, de Rodrigo de Oliveira é meu filme de estreia no cinema”, afirmou Alex.

Inspirações
“Acompanho muita gente, minhas referências capixabas: Lorena Lima, ela estava no elenco da primeira peça profissional que eu vi em 2018 no Teatro Carlos Gomes, a peça se chamava A Lenda do Reino Partido. Ela fez minha preparação para o filme e hoje em dia somos amigos, ela me dá bronca, e me chama de “tatu”. Barbara Depiantti, é uma atriz fantástica que conheci em 2019, ela é várias coisas(atriz, performer, dramaturga, artista plástica). Lembro-me como se fosse hoje o seu olhar para mim enquanto eu chorava vendo a peça e a personagem dela me olhou profundamente, me senti abraçado e afirmei pra mim mesmo que queria ser que nem ela quando crescesse. Tem a Margareth Galvão também, é uma atriz muito consagrada, eu acredito muito nesse rolê de conhecer e honrar os que começaram a caminhar antes da gente, isso aqui é parte disso. Fora daqui, tem a Renata Carvalho(SP), que também está no elenco de Os Primeiros Soldados. Ver a peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, onde ela interpreta Jesus no corpo de uma travesti mudou minha vida. Por último tem a cantora Pitty, que é minha inspiração pra vida mesmo. Aos 13 anos, tudo que você quer ouvir é que está tudo bem em ser você mesmo, “mesmo que seja estranho”. Acompanho ela até hoje, é um amor que nem sei explicar. Um amor que me formou como artista que sou, e como a mesma disse: ser jovem não é culpa para ser medíocre”, contou o ator.

“Os Primeiros Soldados” – Expectativa para o filme

Alex faz parte do elenco do filme ” Os Primeiros Soldados”, que estreia mundialmente neste mês, na Alemanha.Produzido por Vitor Graizer e Rodrigo de Oliveira, o filme contará a história dos primeiros infectados com a AIDS em Vitória. Além de Alex, o elenco é composto por Johnny Massaro, Renata Carvalho, Clara Choveaux e Vitor Camilo.
“Foi um casting. Na época eu estava estudando numa escola de teatro lá do centro de Vitória e chegou o poster falando do teste. Eu fiquei enrolando pra mandar o material, sei lá, insegurança? Mandei faltando poucos dias para o prazo final. Obrigado Juliana Guimarães, Camila Rodrigues e Paula Morello que enfiaram na minha cabeça que eu tinha que enviar. Já pensou se eu não tivesse mandado? No dia do primeiro teste sai de lá afirmando pra mim mesmo: “Nunca vou trabalhar com cinema, meu Deus!”. Mas passou uns dias e lá veio Daiana, a assistente de direção me dizendo que tinham gostado de mim e que eu tinha passado pra segunda fase e então fui passando, passando e cá estamos nós. Fiquei muito feliz e surpreso, este foi meu primeiro teste para cinema e a gente que é ator sabe como é torturante fazer inúmeros testes e acabar não passando. Gosto de acreditar que os personagens escolhem a gente e existe certa magia por trás disso”, afirma o ator.
O Cineasta Rodrigo de Oliveira, falou um pouco sobre o ator capixaba.

“O Alex surgiu em meio a um processo de seleção de elenco em que fizemos testes com mais de 60 jovens atores. Ele mandou o currículo e um vídeo em que declamava um poema, e ele fazia uma coisa curiosa, que me fez perceber que ele tinha instinto de ator, mesmo muito novo e inexperiente. Enquanto declamava, ele tirava e recolocava a camisa que estava vestindo, uma ação qualquer, para dar sentido ao texto que estava recitando. Muriel, o personagem que Alex interpreta, faria a mesma coisa: apelar à poesia e à maturidade precoce, mas também se revelar inocente num gesto qualquer. O processo durou dois meses e Alex passou por diversos outros testes até ser escolhido, mas eu já sabia que ele era o Muriel desde o poema com a camisa sendo vestida e desvestida”, lembrou Rodrigo.
“Um longa-metragem capixaba nunca chegou tão longe no mundo, e isso é um privilégio e uma responsabilidade. O convite de Mannheim-Heidelberg também veio carregado de um alívio, porque nós seguramos o filme para escapar dos festivais online. Mesmo que esse ambiente virtual tenha sido fundamental nesse período de pandemia, nós sempre acreditamos na vocação de público do filme, “Os Primeiros Soldados” é um filme pensado para ser comunicativo e compartilhado em comunidade – o filme é, no fundo, sobre isso, sobre a formação de um senso comunitário, o amor e o apoio que se transmite quando um grupo de pessoas se une. Não passava pelos nossos sonhos que ainda em 2021 nós estrearíamos o filme num festival presencial, para grandes plateias e, sobretudo, na competição principal. A sensação é a de que o nosso pequeno filme já não é mais tão pequeno assim, e também está pronto para deixar de ser nosso e passar a ser do mundo”, afirmou o Cineasta.

“Lembro-me de uma conversa com Clara Choveaux (Atriz que faz “Maura”, mãe de Muriel, meu personagem), falávamos do filme e a gente chegou a conclusão que é um filme “cultpop”, ele tem essa pegada mais alternativa mas é feito pra ser mais popular pois ele carrega um assunto que precisa ser discutido, ser visto, questionado. E pra mim, como artista, sei que o teatro, cinema, dança e afins tem esse poder de transformação social. Considero essa estreia um presságio de algo muito grande nascendo”, comenta Alex.

“Eu acredito muito no antigo verso do Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta”. No caso de “Os Primeiros Soldados”, isso é ainda mais verdade porque nós falamos sobre as primeiras pessoas vivendo com HIV/AIDS no Espírito Santo, no começo dos anos 80, pessoas que tiveram suas histórias interrompidas e esquecidas, pessoas para quem a vida foi abreviada. A arte do elenco e da equipe desse filme existe para honrar essa memória. “Os Primeiros Soldados” é um filme cheio de coração, de vontade de experimentar uma época e uma comunidade de pessoas passando por uma crise terrível e os modos como essa comunidade se uniu, se fortaleceu e sobreviveu para contar, 30 anos depois, a história destes nossos ancestrais de alma”, finalizou Rodrigo.
Momentos Marcantes

“Tremia só de pensar. Mas graças aos deuses do cinema, Rodrigo pensou bem nisso e me levou pra conhecer eles, lá no Rio. Isso foi criando um laço entre eles, que me acalmou e no começo das filmagens eles já eram colegas de trabalho e atores como eu, só que com uma bagagem muito maior. Outra, eu sou muito curioso, perguntava tudo a eles, queria aproveitar o máximo possível disso tudo. E sabe, eu tenho certeza que aproveitei. Sobre a cena que mais me marcou, foi uma cena que percebi que a equipe estava emocionada. Foi ali que caiu a ficha e entendi o filme. O cinema tem dessas”, disse Alex.
Foto por: Matheus Noronha. Na foto: Alex Bonini, Daniel Monjardim e Mariana Melquiades.
Foto por: Joyce Castello. Segunda diária de filmagem em Carapebus. 

Foto por: Felipe Amarelo. Na cena: Suzano(Johnny Massaro) e Muriel. 

Sou um artista da roça

“Eu sou um artista da roça e faço questão de enfatizar isso. Ser da “roça” sempre foi me colocado com algo inferior, aquém, distante, marginal até. Quase me convenceram disso, mas hoje sei que foi a roça que me salvou.
Por último, quero agradecer ao Rodrigo de Oliveira pela oportunidade de estrear com esse trabalho e com essa equipe, não teria lugar melhor pra eu começar. Sou muito grato a todos que de alguma forma ajudaram esse filme a nascer. Nesse set eu sentia que eu podia ser eu, às vezes chegava a me perguntar a “Nossa esse sou eu? Que saudade de mim!”, afirmou.

Próximos projetos

“Por agora estou pensando no meu TCC de Biblioteconomia, quero pesquisar o fazer teatral dentro de bibliotecas. Também estou trabalhando no projeto de longa-metragem “Fogo de Palha”, minha estreia como diretor e claro, quero rodá-lo em Governador Lindenberg(ES), cidade em que cresci. A produção do projeto é da Produtora Ventania, formada por Maria Grijó e Diego Jesus. Atualmente estou no começo da montagem da peça teatral “Tudo Que Éramos Antes”, onde estou no elenco e na organização da dramaturgia. No projeto estão: Marcelo Braga, Daniel Monjardim, Ci Melo e Mattheus Schirffimaan. A peça tem estreia programada para abril de 2022”, revelou.
“Eu sou um artista da roça e faço questão de enfatizar isso”, afirma Alex Bonini. Foto: Arquivo Pessoal

Expresso Notícias

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